EXU PILANTRA

"Muito prazer. Antes que me perguntem, meu nome é EXU ZÉ PILANTRA. Não confundam-me com o Zé Pilintra. Sou responsável por um principado de demônios pilantras. Mas por que somos pilantras? O Dicionário Aurélio (a gente lê isso também) dá uma definição interessante sobre o termo "pilantra": "Diz-se de pessoa de mau caráter, desonesta." Então, todos os demônios sob o meu comando têm mau caráter. Andam a dizer por aí que as qualidades de um líder brotam de seu caráter, então, nossa missão é criar uma liderança no meio cristão comprometida com o mau caratismo. E como treinamos tais líderes para se adequarem às nossas exigências? Primeiro, é preciso conhecer as Escrituras Sagradas. A própria Bíblia nos dá a entender que nosso Grande Precursor, Tio Lúcifer, falou com o Filho do Deus dos Cristãos usando as Escrituras. (Salmos 91:11,12) E para que usamos as Escrituras? Para mentirmos, enganarmos as pessoas, e principalmente formar novos maus-caráteres. Afinal de contas, nosso Titio é conhecido como o pai da mentira. (João 8:44) Ele cega a mente dos incrédulos. (2 Coríntios 4:4) Por exemplo, em nossos cursos, ensinamos a se levantar dinheiro dos fiéis pela televisão, com a desculpa de que esta grana é necessária para pagar o programa, quando na verdade, arrecadamos muito mais do que isso. Sem contar que os livros que pela TV vendemos nos dá uma boa margem e lucro. E, de vez em quando, incentivamos a presença de personagens que, usando a Bíblia, pregam a doutrina da prosperidade. Como tem evangélico idiota crendo na gente. Creem tanto que quando se prega nas igrejas deles sobre a importância de evangelizar, poucas pessoas se interessam, mas quando promovemos a doutrina da prosperidade material, aí o "faz-me rir acontece". Nossos líderes comprar carros novos, helicópteros, jatinhos, enquanto os missionários deles vivem em países muçulmanos ganhando merreca. Também ludibriamos os otários a doarem quantias específicas em troca da bênção de Deus. A gente ensina, para isso, a usar a Bíblia. Por exemplo, Gálatas 6:7 diz "aquilo que o homem semear, isso ele colherá". Então, os nossos representantes dizem: "Se você semear 900, 1000 reais, até o final do ano, você vai receber em dobro, ou como disse o Mestre, 30, 60 ou 100 vezes mais". E dá certo esse negócio? Claro meu! Entre tantos que doam, tem sempre uns 10, 20 que acabam, pelas coincidências da vida, recebendo de volta o que nos deram ou muito mais, e vão dar testemunho em nossos programas. Agora, nós temos investido muito em formar líderes que acreditam sinceramente que agir assim é ser cristão. Vou explicar melhor: Quando o cara vê a grana entrando, é-lhes ensinado ser a bênção do Deus deles, e aí eles se entregam de corpo e alma a essa besteira nossa e transformam isso numa doutrina apregoada sempre. E qual o objetivo nosso, em tudo isso? Atrelar a fé do crente à esperança de prosperidade financeira, porque a gente sabe que 95% deles não receberão do Deus deles, o tal de Jesus, tal recompensa, porque ele abençoa aqueles que o buscam por amor, para agradecê-lo por ter morrido por eles, e não aqueles que o buscam para fazer barganha. Desses 95%, muitos se sentirão traídos, e desanimarão. Aí, a gente põe a culpa neles: "Vocês tiveram fé para doar a grana, mas para receber não tiveram." E o mais legal é que temos representantes muito bons de lábia, pois mesmo quando nossas picaretagens são expostas pelos apologistas cristãos, nossos líderes famosos xingam esses apologistas de bandidos e ainda afirmam que eles mereceriam a cadeia. Ai que engraçado! Nós é que somos os picaretas e bandidos. Quem está levando o dinheiro do povo? Nós! Quem na verdade está prosperando? Nós! Mas para terminar minha apresentação, EU, EXU ZÉ PILANTRA, peço a você em nome de Jesus: Continue ofertando pouquinho para a sua igreja, e deixe o melhor para os nossos programas na TV. (Uma exceção seria você doar muito para sua igreja enorme, onde seu pastor precisa ganhar 25, 30 mil reais, e a igreja dele não puder investir em missionários e seminaristas. Nesses casos, podem doar muito, pois queremos ver essa inversão de valores. Queremos ver missionários principalmente abandonados com salários ruins.) Ao dar seus dízimos com amor, inventa que você ganhou menos no mês, para que você possa participar de nossas campanhas para aplacar o devorador. Olha bem para minha cara e responda: Eu tenho cara de devorador de dinheiro?" - Fernando Galli, 1 de maio de 2010.